Por que Toda Empresa Deve Ter um Extintor de Incêndio em Dia

Você já entrou em uma empresa e olhou para o canto da parede vendo aquele extintor pendurado, geralmente com um selo ou lacre colorido? Muita gente nem dá bola, mas esse equipamento, aparentemente simples, pode ser o que separa uma tragédia de uma situação controlada. E mais: ele é obrigatório por lei, sabia disso?

Muitos empresários ainda tratam o extintor de incêndio como um detalhe, um item burocrático que só está ali para passar em uma vistoria. Mas esse pensamento é arriscado. Ter um extintor em dia, carregado e revisado é mais do que uma exigência — é um cuidado com a segurança de todos.

Equipamento obrigatório por lei

No Brasil, as exigências em relação aos extintores são regidas por normas técnicas e legislações específicas, como a NBR 12962 da ABNT e o Código de Segurança Contra Incêndio do Corpo de Bombeiros de cada estado.

A ausência de extintores pode resultar em:

  • Multas pesadas
  • Interdição do estabelecimento
  • Dificuldade na liberação de alvarás
  • Problemas com seguradoras

Além disso, uma empresa que não cumpre as normas de prevenção de incêndio pode ser responsabilizada civil e criminalmente em caso de acidente. É um risco que não compensa correr.

Mais do que obrigação, uma proteção para vidas

Não é exagero dizer que um extintor pode salvar vidas. Em um princípio de incêndio, agir rápido é essencial. O fogo se espalha em segundos e qualquer hesitação pode ser fatal. Com o equipamento certo e pessoas treinadas, é possível controlar o fogo antes que ele tome proporções maiores.

Imagine um curto-circuito em uma sala com computadores. Um extintor de CO₂ usado na hora certa pode apagar o fogo sem danificar os aparelhos e sem colocar os funcionários em risco. Agora pense no cenário oposto: o fogo começa e ninguém sabe onde está o extintor, ou pior, ele está vencido ou descarregado.

É o tipo de erro que pode acabar com um negócio.

Tipos de extintores e suas funções

Não é qualquer extintor que serve para qualquer incêndio. Existem diferentes tipos, e cada um combate uma classe específica de fogo. A escolha errada pode até piorar a situação.

Os principais tipos são:

  • Extintor de Água Pressurizada: indicado para incêndios classe A (materiais sólidos como papel, madeira, tecido).
  • Extintor de CO₂ (Gás Carbônico): ideal para classe B e equipamentos elétricos (curtos, computadores, painéis).
  • Extintor de Pó Químico Seco: versátil, combate fogo classe B e C (líquidos inflamáveis e eletricidade).
  • Extintor de Espuma Mecânica: usado em incêndios com líquidos inflamáveis.

Saber onde e como usar cada tipo faz toda a diferença.

Inspeções e recargas: de quanto em quanto tempo?

Outro erro comum é achar que basta comprar o extintor e pronto. O equipamento precisa ser inspecionado mensalmente, conforme orientações do Corpo de Bombeiros, e passar por manutenções periódicas:

  • Inspeção visual mensal: verificar lacre, pressão e integridade
  • Manutenção anual obrigatória: realizada por empresa certificada pelo Inmetro
  • Teste hidrostático a cada 5 anos

Extintor vencido ou sem lacre é a mesma coisa que não ter nenhum.

Treinamento: saber usar é tão importante quanto ter

De nada adianta o equipamento estar lá, novo e funcionando, se ninguém souber usá-lo. Treinamento básico de combate a incêndio é um item essencial para equipes de empresas, especialmente em locais com grande circulação de pessoas.

Empresas com CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) devem promover simulados e capacitações regulares, abordando:

  • Tipos de fogo
  • Identificação dos extintores
  • Técnicas de uso
  • Ações em caso de evacuação

Mesmo em escritórios pequenos, saber agir nos primeiros minutos pode evitar um desastre.

Extintores e imagem da empresa

Cuidar da segurança não é só cumprir leis, é demonstrar responsabilidade. Clientes e parceiros percebem o cuidado nos detalhes. Um extintor visivelmente vencido ou mal posicionado transmite descaso.

Por outro lado, empresas que mantêm sua estrutura em ordem transmitem profissionalismo, o que pode influenciar:

  • Credibilidade no mercado
  • Imagem diante de órgãos reguladores
  • Relação com seguradoras
  • Confiança dos funcionários

E sim, em muitos contratos de locação comercial, o locatário é quem responde pela manutenção dos extintores.

Empresas de manutenção: como escolher com segurança

É comum surgirem ofertas de empresas oferecendo recarga ou manutenção a preços muito baixos. O problema é que nem todas são autorizadas pelo Inmetro. Usar um extintor que não passou por manutenção certificada é ilegal e perigoso.

Para evitar problemas:

  • Exija nota fiscal
  • Verifique o selo do Inmetro
  • Peça relatório de manutenção
  • Confira se a empresa está cadastrada no Corpo de Bombeiros da sua cidade

Lembre-se: o barato pode sair caro.

O que diz a NR 23 sobre extintores

A NR 23 (Norma Regulamentadora de Proteção Contra Incêndios) reforça que todos os empregadores devem adotar medidas de combate e prevenção de incêndios. Segundo a norma, toda empresa precisa:

  • Ter equipamentos adequados contra incêndios
  • Garantir a sinalização e o acesso fácil aos extintores
  • Treinar os trabalhadores
  • Manter os extintores em condições ideais de uso

Esses itens são cobrados em fiscalizações do Ministério do Trabalho.

Sinalização e posicionamento correto dos extintores

Não basta apenas ter o extintor. Ele precisa estar no lugar certo, sinalizado, de fácil acesso e na altura recomendada. Alguns erros comuns:

  • Instalar atrás de portas ou móveis
  • Deixar o extintor no chão
  • Esconder a placa de sinalização
  • Usar extintores em locais abertos sem proteção contra chuva e sol

Segundo a norma, a instalação deve seguir as seguintes regras:

  • Altura máxima de 1,60m em relação ao piso
  • Sinalização visível mesmo à distância
  • Local livre de obstáculos

Seguradoras e sinistros: você está coberto?

Muitas apólices de seguro exigem que a empresa esteja com o sistema de combate a incêndio atualizado. Caso ocorra um sinistro e fique provado que os extintores estavam vencidos ou mal posicionados, a seguradora pode recusar o pagamento.

Ou seja, manter os extintores em dia também protege o patrimônio.

Negligência pode virar crime

Em casos de incêndio com vítimas, empresas que não seguem as normas podem ser responsabilizadas criminalmente. Já houve casos no Brasil em que donos de estabelecimentos responderam por homicídio culposo.

Vale lembrar do caso da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), onde o descaso com medidas de prevenção causou uma das maiores tragédias da história recente do país.

Checklist rápido para manter os extintores em ordem

Para facilitar o dia a dia, um checklist simples pode ajudar:

  • Os extintores estão visíveis?
  • Estão com lacre intacto?
  • Estão dentro da validade?
  • O tipo de extintor corresponde ao risco do local?
  • Há placa de sinalização acima?
  • Os funcionários sabem usar?

Esse controle pode ser feito mensalmente, com registro em planilha.

Fiscalização do Corpo de Bombeiros

O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) é um documento obrigatório em muitas empresas. Para consegui-lo ou renová-lo, o local precisa atender todas as exigências de segurança, incluindo o estado dos extintores.

Durante a vistoria, os agentes conferem:

  • Validade e tipo de extintor
  • Local de instalação
  • Sinalização
  • Quantidade por área construída

Estar irregular pode gerar multa ou interdição.

Manutenção e recarga: quanto custa?

Os preços variam de acordo com o tipo de extintor, o número de unidades e o tipo de manutenção. Em geral:

  • Recarga de extintor de água ou pó: R$ 35 a R$ 50
  • Recarga de CO₂: R$ 60 a R$ 90
  • Manutenção com troca de peças: pode ultrapassar R$ 100

Importante ressaltar que esses valores podem mudar conforme a região do país. Empresas devem orçar com fornecedores certificados.

Extintores também servem para áreas externas

Muitas empresas têm galpões, estacionamentos ou áreas externas. Nesses casos, é preciso utilizar suportes apropriados e coberturas para proteger o equipamento do clima.

Inclusive, em obras e locais provisórios, também é exigido o uso de extintores. A legislação considera o risco, não a permanência da estrutura.

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